Skip to main content

permissão concedida

quando duas mãos se permitem tocar,
umas estrelas nascem. outras morrem...
um milhão de possibilidades há mas nada se compara a quando
os dedos, todos eles, tanto de um como de outro, ao se tocarem,
chegam uns aos outros devagar e levemente... ao se tocarem
devem fazê-lo de modo que entre dois dedos de um não haja mais do que
um dos dedos do outro, cuidando ainda pra que não falte dedo do outro
entre cada dois dos dedos do um. ao se encaixarem, devem insistirem,
moldando-se as juntas de um ás do outro, pressionando-se e
apertando-se uns dedos contra os outros no limite desse encaixe,
naturalmente fechando esses dedos todos eles, numa posição de garra,
cravando-se no que agora deixava de ser dedos e passava a ser mão,
cravando-se nas costas das mãos do outro, fundindo-se,
massageando-se, esfregando-se e afastando-se, repelindo-se,
na verdade nada mais que se permitindo o prazer daquele encaixe
novamente, e novamente, e novamente... as palmas podem sentir-se.
o capricho de apalpar com três dedos um só dedo do outro,
de se deixar deslizar com um só dedo por entre vãos,
acariciando ao apalpar os nós, acariciando cada uma das juntas,
deslizando as pontas dos dedos de um por toda a extensão dos outros dedos,
deitando os dedos novamente entre os outros dedos,
encaixados, fechando-se, abraçando-se, cravando-se.
permissão concedida!

Comments

Popular posts from this blog

não dorme não...

Era noite e a rua estava escura, naquele trecho arborizada paradoxalmente do lado dos postes.Apesar disso, viam-se detalhes nas casas, entre penumbras e claros, percebiam-se suas frentes estreitas, jardins curtos, alpendres de muretas em umas, grades com janelas em todas e as árvores. Surge uma bicicleta na esquina mais longe e para quem pedalava podia haver o som da roda se passasse por cascalhos, talvez o da corrente, provavelmente uma respiração ofegante, mas, para quem via tudo desde a esquina oposta à da cena, era o silêncio e mais nada Era o cenário e alguns pensamentos, mais nada. Ao se aproximar do último dos postes porém, naquele pedaço da rua surge um latido, que puxa outro, que desperta outros dois, quatro, incontáveis. Não se via um e pelos latidos eram todos pequenos. Pela janela que se acende, aparentemente alguém acordou. A bicicleta já passou, os latidos ficam espaçados e somem. A luz se apaga. Um poste que não se fazia perceber ali se acende, do nada. Não faz mais que

ninguém é per feito

Ninguém é perfeito não vou com a cara de ninguém porque ninguém é perfeito? ou é o meu jeito? e ninguém é porque não quer ser direito? que nem eu: um indeciso em devagar e conceito... [sei: ninguém merece] se bem que ninguém sabe ser direito*. (*num sentido e num defeito). ninguém sabe ser perfeito e ninguém é. por direito. >> ninguém é perfeito! ninguém é!! mas sem querer, sempre assim,  na preguiça... e, se devia ser perfeito, dito e feito: um dia enguiça... >> ninguém é perfeito! ninguém é!! ninguém quer perfeito, mas não é direito!! Querer sim, tudo bem. mas, Ser?...  nem!... Não tenho raiva de ninguém porque ninguém é perfeito? Mas ninguém sabe “ser” perfeito... e ninguém é!... êita, vaca estrela! bem feito!!!