De folgado, vivia apertado. Em vez de ir atrás dos prazeres, ficava sentado esperando por eles. Gostava de palavras! Gostar é pouco. Gozava com elas! Gostava delas como um astrônomo gosta de satélites, ou como um ornitólogo gosta de beija-flores, ou como um gemólogo gosta de vidros. No entanto, diferente deles, não dependia de possuir lentes ultra-modernas, nem para longe e nem para perto, bem como não precisava ir dali até as flores e cansar de descansar a esperar pela sorte. O que lhe dava doce à vida não estava escondido, nem dentro e nem longe, e se fossem flores, de ficarem ao seu redor o sufocariam, por menor que fossem, de tantas que seriam. Se fossem flores as palavras o matariam. E nesse caso haveria quem defendesse ter sido suicídio. Ele amava palavras. Ia dormir pensando nas últimas e sonhava com as que ninguém dizia. Acordava dando bom dia à primeira coisa, pessoa e ideia fixa que aparecesse no caminho até o vaso sanitário. Saia de casa sorrindo e passava o dia subindo e de